Cirque de Soleil at Surfcomber 266
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Milidias no jornal O Estado de São Paulo, matéria sobre a correria estilo empreendimento, números e inovação do circo q ligeiro cola aqui em pindorama. Olha a conversa:
O circo que virou um negócio de US$ 1,2 bilhão
8/1/2006, Daniel Hessel Teich
Cirque du Soleil se prepara para mostrar aos brasileiros por que é um dos empreendimentos mais admirados.
A partir de agosto, os brasileiros terão a oportunidade de conhecer ao vivo o mais heterodoxo e badalado negócio de entretenimento do planeta. Trata-se do Cirque du Soleil, o circo canadense que de mambembe não tem nada. É uma empresa que vale US$ 1,2 bilhão e fatura por ano US$ 600 milhões. A escala brasileira do Cirque du Soleil é parte da turnê latino-americana do espetáculo Saltimbanco, iniciada em agosto do ano passado em Monterrey, México.
Só para a etapa mexicana foram necessários investimentos de US$ 10 milhões em logística e infra-estrutura. A CIE Brasil, braço da multinacional mexicana Corporación Interamericana de Entretenimiento e organizadora da turnê, não divulga detalhes das escalas em São Paulo e no Rio de Janeiro. Limita-se a anunciar que os brasileiros assistirão a versão integral do espetáculo, com 50 atores, músicos e acrobatas.
Concebido em 1992, Saltimbanco é o mais antigo dos espetáculos encenados pelo Cirque du Soleil. Mesmo assim é uma síntese do profissionalismo e ambição financeira da trupe. O espetáculo custou US$ 25 milhões e foi assistido ao vivo por mais de 7 milhões de pessoas.
É também uma prova de como o poder de fogo econômico do Cirque du Soleil cresceu de forma exponencial nos últimos anos. Os últimos espetáculos do circo, quase sempre baseados em hotéis-cassinos de Las Vegas, chegam perto dos US$ 200 milhões.
Com sede em Montreal, o Cirque du Soleil emprega 3 mil pessoas, 800 delas artistas, atletas ou acrobatas. É uma operação industrial que administra simultaneamente seis espetáculos viajando pelo mundo. Há ainda cinco espetáculos fixos - quatro em hotéis-cassinos do grupo MGM+ Mirage Inc. e um no resort da Disney em Orlando.
Inovador
O modelo de negócios do Cirque fascina especialistas em administração de centros como a americana Harvard Business School e a francesa Insead. Em A estratégia do oceano azul, os professores da Insead W. Chan Kim e Renée Maubourg apontam o Cirque como um negócio tão inovador quanto a rede de cafés Starbucks, a rede de TV CNN ou o Ford T.
Segundo a análise de Kim e Maubourg, o Cirque já nasceu com uma fórmula de sucesso financeiro: música, figurinos e artistas excepcionais com ausência de animais, muito caros de se manter. "Com o dinheiro que usaria para alimentar um animal, consigo manter três acrobatas", diz Guy Laliberté, o criador do circo. Outra opção certeira foi o apelo ao público adulto, que paga de US$ 50 a US$ 200 por ingresso.
O grande passo do Cirque para se tornar o que é hoje foi a associação com a indústria do jogo. O grande parceiro de Laliberté é o grupo MGM Mirage Inc., uma corporação de hotéis e cassinos avaliada em US$ 6,7 bilhões e faturamento anual de US$ 4 bilhões. A cada show nos hotéis, o Cirque du Soleil fica com 50% da bilheteria.
O resultado da parceria para a MGM pode ser conferido nos balanço da empresa. No terceiro trimestre de 2003, o show Zumanity alavancou os resultados da área de entretenimento em 31%. O mesmo fenômeno aconteceu em 2005, com o show Kà, turbinando em 36% os resultados da divisão.
Outro fator importante é a mudança do perfil dos hotéis em Las Vegas. Enquanto o jogo responde em média por 40% da renda dos hotéis, as áreas de entretenimento, lojas e gastronomia ficam com 60%. Nesse sentido, o Cirque du Soleil virou para público endinheirado um chamariz para outras atrações, como os restaurantes estrelados e lojas de grifes.
O mesmo raciocínio de usar o circo para atrair prestígio está por trás do contrato com a Disney e a Carnival Cruise Lines, que pôs a trupe em seus navios. Até a Volkswagen brasileira usou o brilho dos canadenses.
Em maio de 2002, contratou membros do Cirque du Soleil para animar a festa de lançamento do Polo no Brasil. Não foi à toa que Guy Laliberté, em 20 anos, passou de engolidor de fogo a bilionário. Em 2004, o dono do circo foi para a lista de bilionários da revista Forbes, com a fortuna de US$ 1,1 bilhão.
CIE Brasil, exemplo raro de êxito na diversão
Basta olhar a situação dos grandes parques de diversões do País e o equilibrismo financeiro praticado pelos produtores de shows e espetáculos brasileiros para perceber que o Brasil está a anos-luz dos Estados Unidos, da Europa e mesmo do México no que diz respeito à indústria do entretenimento. Apesar do raquitismo do setor, onde cada brasileiro gasta apenas 2% da renda com diversão, há exemplos de sucesso e o mais vistoso deles é justamente a empresa que trará o Cirque du Soleil, a CIE Brasil.
Braço da empresa mexicana Corporación Interamericana de Entretenimiento, gigante que faturou US$ 589 milhões entre janeiro a setembro de 2005 e tem filiais na Argentina e nos Estados Unidos, a CIE Brasil é dona do Credicard Hall, do Teatro Abril e do CIE Music Hall, em São Paulo, e do Claro Hall, no Rio. Desde que se instalou no Brasil, há seis anos, já investiu cerca de R$ 40 milhões em eventos no País.
Trouxe para o Brasil musicais da Broadway, como "A Bela e a Fera" - orçamento de R$ 8 milhões e público de 600 mil pessoas - e "O Fantasma da Ópera" - custo de R$ 26 milhões e 200 mil espectadores entre abril e agosto.
No ano passado, a CIE estreou em duas novas áreas: as megaexposições e os eventos esportivos. Entre maio e julho promoveu na Oca, no Ibirapuera, a exposição Corpos Pintados, que atraiu 110 mil pessoas.
Foi uma investida para ocupar o espaço deixado pela BrasilConnects, realizadora de exposições como os Guerreiros de Xi'an, que naufragou na falência do Banco Santos. Na área dos esportes, a CIE organizou a Rock'n'Run, uma corrida que acabava em show.
Tipo, propaganda a milhão, playboyzada pagando um pau e correndo atrás de ingresso pra pagar uma de gatão colando no espetáculo, uscambau. Tá dominado.
A revolução não será televisionada!
-> Arquivo: 17.4.2006 : Fábrica de Criatividade, Capão Redondo, matéria no Estadão
-> Arquivo: 4.8.2005 : Arranjo produtivo do Graffiti
-> Arquivo: 2.7.2005 : Funk Carioca, arranjo produtivo copyleft na Revista Carta Capital
-> Arquivo: 19.7.2005 : Arranjo produtivo da água de coco - Usina de reciclagem de resíduos no Ceará
-> Coletando : Mercado Livre : Busca : Cirque du Soleil e Ingressos
-> Coletando : Livraria Cultura: Livro O circo no Brasil