Liga nóis correria bem louca, juntando catadores de papel e papelão, escritores copyleft, artesão, artistas gráficos e encadernadores, tudo no bolinho. Correria da Eloisa Cartonera na Argentina e Sarita Cartonera no Peru. Livro artesanal, conteúdo livre, geração de renda, teve o dom.
Liga nóis matéria na Folha Online sobre a fita:
Editora argentina converte papelão em livro artesanal
18/10/2005, JULIÁN FUKS da Folha de S.Paulo
Quanto ao fato de nada se perder, de tudo se transformar, parecem não restar dúvidas. Mas cabe pensar em que temos transformado aquilo que damos por perdido. O papelão, por exemplo. Enquanto em São Paulo tem-se discutido se o material, juntamente de seus catadores, deve ser retirado do centro da cidade por atrapalhar o tráfego dos automóveis, em outra metrópole sul-americana, Buenos Aires, seu destino tem sido bem diferente. Lá, o papelão tem se convertido num dos objetos mais valorizados da cultura ocidental: não, não o carro; o livro.
Trata-se do trabalho da pequena editora argentina Eloisa Cartonera, que produz livros de baixo custo com capas de papelão cortado e pintado a mão. As páginas internas podem ser impressas ou xerocadas, mas sempre coladas para constituir o livro. "Trata-se de um projeto simultaneamente editorial e social, e social de muitas maneiras", diz Cristian De Nápoli, um dos editores.
Tentemos compreendê-las. A cada semana, um grupo de dez catadores de papel passa pela pequena loja da editora para deixar suas coletas. Por esse trabalho, recebem sete vezes mais do que vendendo o papelão para a reciclagem convencional.
Quem recebe o material são três ex-catadores, hoje os responsáveis pelo trabalho manual das edições: cortam o papelão, pintam as capas, imprimem ou xerocam as páginas internas, colam tudo. Com esse trabalho, se sustentam.
Os livros são publicados em tiragens que variam entre 40 e 1.500 exemplares. São vendidos na própria editora e em mais de 30 pequenas livrarias argentinas, que aceitam comercializá-los mesmo sem registro (embora haja planos de passar a registrá-los em 2006). Custam entre quatro e seis pesos, o que equivale, sem precisões matemáticas, a algo entre R$ 3 e R$ 5. A partir desse trabalho, "difunde-se o acesso à literatura", nas palavras de De Nápoli.
Quem são os autores? Uma longa lista de escritores latino-americanos --mais de 80-- em que se intercalam nomes famosos, como os de Ricardo Piglia e César Aira, a outros bastante desconhecidos, de autores debutantes nas letras impressas. Entre os brasileiros editados, o mesmo contraste proposital: lado a lado com os poetas Haroldo de Campos e Manoel de Barros, a mineira Camila do Valle, nunca antes traduzida a uma língua estrangeira, e o sul-matogrossense Douglas Diegues --este que nem sequer precisou de tradução, pois escreve no portunhol característico da fronteira entre Brasil e Paraguai.
"No começo, Cucurto e eu saíamos para procurar grandes escritores e pedir algum manuscrito, algum texto inédito. Hoje, quase não os procuramos, porque a editora já se tornou bastante conhecida e nos chegam muitos bons originais", explica De Nápoli. Washington Cucurto, não se apoquente o leitor, é o idealizador disso tudo. O sujeito que, em 2002, criou a editora como extensão de uma outra que tinha, que produzia livros grampeados, com capas de cartolina.
Expansão
Se pensam em expansão? "Mais do que nos expandir em direção a outros países, queremos colocar o exemplo. Para que cada nova iniciativa possa se adaptar às características que lhe impõe o mercado local", afirma De Nápoli. Assim tem acontecido. No Peru, por exemplo, existe há um ano a Sarita Cartonera, algo como uma filial da anterior, porém de funcionamento completamente independente. Esta, diferente da matriz, dedica-se mais a autores locais.
No Brasil, que De Nápoli visitou há cerca de uma semana para realizar workshops e oficinas - a convite da Prefeitura de Niterói, incentivada por Camila do Valle -, o projeto talvez esteja por nascer. O escritor Joca Reiners Terron entusiasmou-se com a idéia e tem reunido sua editora, a Ciência do Acidente, com representantes de outras pequenas, como a Amauta e a Baleia. Já começam ambiciosos: a idéia é que, até abril de 2006, tenham lançado ao menos dez títulos. Antes disso, no entanto, procuram cooperativas de catadores e organizações não-governamentais ligadas à inclusão social para realizar parcerias e tocar o projeto em conjunto.
Vinus et musica
Originally uploaded by Schröedinger's Cat.
Dando um pião,trombei com esse post no blog Treehugger: Cartoneros, Writers + Artists: Eloisa Cartonera Books.
(...) Cartoneros were born in the middle of the Argentinean crisis that exploded by 2001, when marginalized people started collecting cardboard to sell it to deposits for recycling. (...)
Vai vendo a rima no site Eloisa Cartonera:
(...) se editan libros con tapas de cartón comprado a cartoneros en la vía pública, pintados a mano por chicos que dejan de ser cartoneros cuando trabajan en el proyecto. Se publica material inédito, border y de vanguardia, de Argentina, Chile, México, Costa Rica, Uruguay, Brasil, Perú: es premisa editorial difundir a autores latinoamericanos.
El cartón se compra a $1,50 el kilo, cuando habitualmente se paga $0,30. Y por la realización, los chicos cobran $3 la hora de trabajo. El proyecto pretende generar mano de obra genuina, sustentada en la venta de libros. No posee financiación de ningún otro tipo. (...)
Teve o dom!
Olha a conversa no site Sarita Cartonera:
(...) Los libros cartoneros son cortados, pintados y encuadernados a mano por jóvenes recicladores de cartón de las zonas de Mirones, Palermo y otras. Quienes trabajan en el taller de la Casa Municipal del Vecino N° 5, cedida por la Municipalidad Metropolitana de Lima. Allí se fabrica cada uno de los ejemplares de Sarita Cartonera. Todos son distintos entre sí, no queremos repetirnos, Sarita Cartonera busca devolverle un valor especial a los libros. Las ediciones cartoneras son literatura en circulación, desprejuiciada colorida y rotunda. (...)
Demorou pra essa fita virar aqui em Pindorama, reciclador, escritor, agente da reciclagem, catador, desenhista e carroceiro a milhão. Se pam é pq na gringa a banca paga um pau pra leitura, liga o Brasil pagando comédia na Economist: Brazil, a nation of non-readers.
Sem miséria!
-> Arquivo: 7.2.2006 : I Concurso Literatura para Todos, seu blog pode virar livro e ganhar R$ 10 mil
-> Arquivo: 2.1.2006 : Editora Fina Flor, matéria no jornal Diário do Comércio
-> Arquivo: 15.6.2005 : Livros sob encomenda no Estadão 8/6/2005
-> Coletando : Mercado Livre : Busca : Reciclagem e Livros
-> Compartilhando Banners : Livro - A Economia Solidária no Brasil. A autogestão como resposta ao desemprego.
-> Technorati Tags: Agentes Independentes, Arranjos Produtivos Copyleft, Artesanato, C2C, Conteúdo Descentralizado, Manufaturas C2C, Reciclagem, Sob Demanda, Livros, Na Mídia, Impressão,
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