Mac favela
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Liga nóis, notícias milidias no Jornal Estadão. Paguei um pau pra esse salve do mano lá: "Tudo é fruto de vaquinha. Há ONGs interessadas, mas que querem correr atrás de dinheiro antes. Fazemos primeiro. E sempre dá para pagar." Teve o dom :-D
Olha a conversa toda:
Sexta-feira, 28 de Outubro de 2005
Em filmagem na favela, a surpresa: Victoria Abril
Atriz espanhola, em São Paulo para um show, foi conhecer Heliópolis e se animou tanto ao ver filmagem de 'Excluídos da Sociedade' que se ofereceu para fazer uma ponta
Por Flávia Guerra
Em uma rua da Favela Heliópolis, uma aglomeração de moradores observa um homem ensangüentado na saída de um bar, assassinado por garotos armados, que fogem ao ouvir a sirene da polícia. Mas, em vez de causar revolta e medo, a cena os enche de orgulho. Todos já estão acostumados. Todos menos uma visita inesperada: a atriz espanhola Victoria Abril. Ela observa tudo atenta, dando pulos de empolgação. A cena, longe de ser mais uma das que vão ilustrar as páginas policiais, é das filmagens do longa-metragem Excluídos da Sociedade, com produção da própria comunidade de Heliópolis e direção de Vladimir Modesto.
Victoria Abril, musa de clássicos de Pedro Almodóvar e uma das maiores estrelas do cinema espanhol, descobriu que a comunidade estava trabalhando no filme e pediu para acompanhar a empreitada. Em sua agenda de ontem, constavam passeios pelo Parque do Ibirapuera e centro. Mas quando soube que um grupo de cineastas - que, como ela, estão na cidade para participar da 29ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo - ia conferir o set de filmagem, mudou de planos. Não se arrependeu. Victoria, que faz show hoje no Sesc Pinheiros, empolgou-se tanto que pediu para fazer uma ponta. "É sempre bom ter uma cena de alguém dizendo 'Polícia!' Me deixa fazer. Não vou atrapalhar", pediu. O diretor não teve dúvidas. Antes que a bateria da câmera H18 emprestada que usa para filmar acabasse (um dos problemas de orçamento que tem de driblar), Modesto filmou sua cena exclusiva. E ficou satisfeito. "Ela ainda me ajudou a dirigir. Não é todo dia que temos uma estrela como ela trabalhando de graça."
Excluídos da Sociedade, que retrata os caminhos que levam um jovem à criminalidade, é fruto do projeto do Cine Favela, que integra a Associação Cultural e Artística de Heliópolis e Sacomã (ACAHS), e exibe todo mês um filme brasileiro para os moradores. "Também tem pipoca e refrigerante de graça. Tudo doado pela comunidade. Nossos campeões de bilheteria são, não por acaso, Carandiru e Cidade de Deus", disse Modesto que explicou como surgiu a idéia de fazer cinema ali. "Passar os filmes é bom, mas, em vez de ficar vendo só dos outros, pensamos: Por que não fazemos um longa sobre a favela? Mostrando do jeito que ela realmente é?"
Assim nasceu Uma Gota de Sangue, primeira produção do Cine Favela, em 2004, que tratava da falta de acesso à saúde. Distribuído gratuitamente nas locadoras da região, o filme não pára nas prateleiras. "As pessoas ficam felizes de verem seu bairro na tela", conta o vigia João Carlos Melo, o 'delegado Guerra', que fez figuração em Carandiru. "Trabalho à noite e filmo de dia", diz. Como ele, todos os outros 700 'profissionais' cadastrados pelo Cine Favela trabalham de graça. "Sem fazer discurso, espero realmente que esta experiência contribua para a formação cultural da comunidade e para formar futuros profissionais", disse Modesto, nunca teve patrocínio. "Tudo é fruto de vaquinha. Há ONGs interessadas, mas que querem correr atrás de dinheiro antes. Fazemos primeiro. E sempre dá para pagar."
O método exige soluções criativas. A equipe de Modesto trabalha desde janeiro nas filmagens. Um longa-metragem leva em média dois meses para ser filmado. Mas a trupe do Cine Favela filma aos domingos. As exceções são para os atores que não têm outra atividade. "A maioria não tem emprego fixo, mas fazemos bicos. Eu, por exemplo, trabalho com doces caseiros", diz a produtora, continuísta e atriz do filme Cíntia
Zampolo.
"É incrível. Kika (personagem dela no filme homônimo de Almodóvar, que noticiava com uma câmera na cabeça as notícias inusitadas) adoraria isso", dizia uma maravilhada Victoria. "Pode haver desertos no mundo, mas não culturais. Criatividade e vontade são o bastante para começar. Pedro (Almodóvar) começou assim, filmando com restos de película que ganhava durante os fins de semana."
Tipo, no mesmo jornal (caderno regional Zona Sul), maluco rimou mais sobre a correria dos manos do Heliópolis.
Sexta-feira, 5 de Agosto de 2005
Em Heliópolis, um filme entre vizinhos
Associação de bairro já prepara o lançamento de sua segunda produção
Por Rodrigo Cerqueira Cesar
À distância dos grandes estúdios, produtoras e, até mesmo, das salas de projeção, a comunidade de Heliópolis também resolveu fazer cinema.
As filmagens ocorrem em grande parte nos fins de semana, nos momentos de folga do trabalho, mas o envolvimento é total. Uma vez finalizado, Excluídos da Sociedade, o segundo filme da Associação Cultural e Artística de Heliópolis e Sacomã (ACAHS), terá envolvido quase 2 mil pessoas da comunidade. "Queremos terminar em outubro e depois vamos exibi-lo onde der, até mesmo na rua, alugando um projetor", diz o
diretor Vladimir Modesto.
Ele diz que, no momento, apenas 15% do filme, que terá duração de 120 minutos, está pronto. Tudo feito sem patrocínio. "Estamos longe do término ainda e já gastamos cerca de R$ 15 mil." Para contar a história de vida de um rapaz que envereda pelo crime e sofre com a corrupção policial, a produção e a direção têm usado uma câmera emprestada. "Nós descobrimos um amigo que tinha uma HI8 quebrada e a consertamos. Depois, nós vamos devolvê-la."
O primeiro filme da ACAHS, Gota de Sangue, feito em 2003, relata a história de um pai que precisa arrumar dinheiro para tratar da saúde do filho e registra o abandono do sistema de saúde. A película também foi dirigida por Modesto. "Não tenho formação acadêmica. Uso a experiência que acumulei em uma produtora na Rua do Triunfo, onde trabalhei por dez anos e cheguei à direção de fotografia", conta.
"Excluídos da Sociedade é um projeto mais ambicioso, mas seguimos sem patrocínio e estamos correndo atrás. Fazendo vaquinha (pedindo colaborações) na nossa vizinhança."
CINE FAVELA
A produção dos filmes em Heliópolis originou o Cine Favela, um espaço na ACAHS em que, todo segundo domingo do mês, são projetados filmes para a população local, a maioria nacionais. "A gente aluga o projetor, consegue pipoca e refrigerante de graça com os comerciantes da região e passa os filmes", diz o presidente da associação,
Reginaldo de Túlio. "Nós sonhávamos em fazer cinema, colocamos a mão na massa e conseguimos envolver a comunidade."
O respeito que conseguiram se tornou referência e a idéia se expandiu para fora de Heliópolis, chegando a outras regiões. No dia 14, vai ocorrer o 1º Prêmio Cine Favela de Curta Metragem. "Já recebemos uns oito trabalhos, vindos até de Guaianases e Diadema, por exemplo, mas ainda vamos receber mais fitas", diz Túlio. "O meu filho, de 15 anos, e mais dois amigos, fizeram um curta que se chama A Vida por uma Pipa.
Era o que a gente queria, esta integração." No dia da exibição, o melhor filme e o melhor ator vão receber R$ 200,00 e R$ 100,00, respectivamente.
Sentiu firmeza?
A revolução não será televisionada!
Update:
19.10.2006: Mídia autônoma e comunitária na favela Heliópolis
->Arquivo: 6.9.2005 : Festa na Favela Godoy para gravação do DVD
->Arquivo: 18.5.2005 : Netflix e distribuição de vídeo copyleft descentralizado
-> Compartilhando Banners : DVD - Rádio Favela. Uma onda no ar
-> Coletando : Buscapé : Rappin Hood
-> Coletando : Mercado Livre : Busca : DVD de Rap
4 comentários:
Essse pessoal de heliópolis e outros que deveriam receber subsídio do ministério da cultura...
Tá na hora de parar de dar grana do nosso imposto para o cinema comercial nacional...
Cogito ergo doleo
[]s
China
Falai' China, se pam tem mais é q dar fuga do malote do governo. Burocrata embaça até uma horas. Melhor pagar ingresso direto pro mano no heliopolis ou comprar versão dvd sob demanda da fita com superstar espanhola no Mercado Livre :-D
Daquele jeito!
Gostaria de ressaltar que Reginaldo de Tulio(presidente do projeto) esta sendo alvo de discórdia dentro de sua comunidade.Não bastasse ser apontador de jogo do bicho,Bicheiro como é conhecido,batizou a rua São Francisco com o nome do seu projeto causando a furia dos moradores desta rua.É inadimissivel um homem que esta levando cidadania no bairro,se prevalecer de tal atitude pra promover seu projeto.
As produções deste cine favela é uma bosta.Roteiros fraquissimos,pouca criatividade e nenhuma incursao social.Conheço o projeto e posso afirmar categoricamente ,ja vi produçoes independentes melhores.
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