Tupiconomics #4 - Por que o álcool combustível aumentou de preço depois de janeiro deste ano? (Racyconomics)

Porque a partir de janeiro com uma lei nova adicionando corante no álcool anidro, a casa caiu pra fraude no combustível. Liga q antes bacana podia misturar água no anidro e fabricar hidratado sem pagar imposto. É embaçado ou não é?
Se pam conversinha de entresafra, preço alto do açucar, demanda alta, exportação, carro flex a milhão, pá tal é mais 171. Mesmo agora q usineiro paga de gatão com dono do Google, Bill e até Bush pagando um pau pro modelo de energia renovável dando fuga do petróleo fóssil, uscambau.
Liga q trombei com esse salve na coluna da tiazinha Sonia Racy no jornal Estadão. Racyconomics até umas horas. Olha a conversa:

Sexta-feira, 6 de Janeiro de 2006
Medida para evitar fraude impulsionou alta do álcool
Direto da fonte - SONIA RACY

Não é só de demanda forte que vive o preço alto do álcool anidro. É também de um processo de superestocagem, que vem sendo feito por algumas distribuidoras "diferenciadas": aquelas mesmas que adoram não pagar impostos, segundo revelou ontem a esta coluna alta fonte do governo Lula. "Descobrimos que esse movimento começou há quase dois meses porque amanhã (hoje) entra em vigor a determinação da ANP que torna obrigatória a adição de corante laranja ao álcool anidro misturado à gasolina", explica a mesma fonte. O que fará o governo com essa descoberta? Ainda não há uma decisão a respeito: a questão está em discussão nos órgãos federais competentes.

O fato é que o "tingimento" proposto pela ANP, e aprovado por consenso pelos representantes do setor, no dia 8 de novembro de 2005, tem o objetivo de estancar irregularidades no mercado de álcool. A ANP descobriu que estavam transformando ilegalmente o álcool anidro em álcool hidratado, com a colocação de água, uma fraude conhecida como "álcool molhado". Uma falcatrua que movimenta hoje algo como R$ 1
bilhão.

Não que não haja aumento da demanda. O próprio governo, ao ventilar a hipótese de diminuir o álcool misturado à gasolina de 25% para 20%, admite a falta do produto. Mas consta que o Ministério de Minas e Energia desistiu de tomar qualquer medida mais agressiva, como a de reduzir a quantidade de álcool misturado à gasolina, confiscar estoques ou importar o produto. Vai tentar compor com o setor já que a falta de álcool também é fruto da entressafra: a moagem da nova safra começa somente em abril.

Produtores de álcool da região de Ribeirão Preto confirmam que desde novembro vem se registrando um aumento excessivo e difícil de calcular da compra de álcool anidro por distribuidoras "menos conhecidas".
"Elas estocaram para continuar desovando gasolina com anidro aditivo fraudado. As usinas tradicionais saíram do mercado e deixaram de vender anidro para quem não conheciam. Mas as usinas novas, descapitalizadas, venderam, e muito", revela um importante usineiro.

Em meio à queda-de-braço que se estabeleceu entre governo e usineiros, por conta da alta do preço ao álcool, Pedro de Camargo Neto, ex-secretário do Ministério da Agricultura, lembra que existe na BM&F um contrato futuro para o produto que poderia ter sido usado para minorar a elevação de preços nesta entressafra. "A fixação de preços futuros viabiliza o carregamento de estoques e a maior estabilidade de
preços. Infelizmente as distribuidoras de combustíveis não utilizam o contrato, atuando como repassadores de custos momentâneos, e o governo insiste em ignorar o instrumento, inclusive tributando a operação de maneira inibidora."

Agora, por que este gap maior, tirada a estocagem pontual, na entressafra? Ele não foi calculado? Segundo alguns produtores de álcool da região de Ribeirão Preto, no começo da safra 2004-05, encerrada no mês passado, superestimou-se a produção.

Até o mês de setembro, as distribuidoras tinham em mãos o mapa com os estoques de cada usina, que era disponibilizado pela Unica, mas a circulação dessas informações foi interrompida e tornou-se apenas um relatório interno da entidade.

Nessa época, os produtores já sabiam que a safra não teria o tamanho previsto no início e decidiram não divulgar para os compradores o volume de seus estoques. Mas as distribuidoras continuaram trabalhando, ainda que no "escuro", com uma supersafra, entre 10% e 15% maior do que a que foi colhida. Segundo os usineiros, as distribuidoras fazem esse "bafafá" para diminuir o preço que elas sabiam que ia subir na entressafra.

O que, a bem da verdade, é procedimento normal dentro de um sistema de mercado livre.

Os empresários do setor recusam a acusação de formação de cartel, lembrando que são quase 350 usinas no Brasil.

Somando a produção das grandes como Copersucar, Crystalsev e Grupo Cosan, não se chega a 50% do mercado. "Não há como existir um cartel nessas condições", coloca outro usineiro.

O que precisa ficar claro para a opinião pública, no ver dos usineiros, é que o álcool e a gasolina são diferentes. A gasolina não tem preço, tem tarifa imposta pelo governo e é subsidiada pela sociedade. "Até quem não tem carro tem de bancar essa aparente estabilidade do preço da gasolina."

Já o preço do álcool muda com as oscilações do mercado de commodities.
Isto é, eles sobem e descem de acordo com a oferta e a procura, a safra e a entressafra, como os demais produtos agrícolas.
Os preços do álcool vendido pelas usinas, dizem, são públicos e estão diariamente em sites como o da Unica - União da Agroindústria Canavieira (www.portalunica.com.br), da Copersucar (www.copersucar.com.br) e da Udop - Usinas e Destilarias do Oeste
Paulista (www.udop.com.br). Tudo extraído das tabelas de acompanhamento do Cepea, da USP.

Enquanto isso, desafiam, a Petrobrás não informa ao público seus preços de venda às distribuidoras, nem sua planilha de custos.

É muita treta!

-> Arquivo: 6.3.2006 : Tupiconomics #3 - Como os grandes varejistas não pagam CPMF ?
-> Arquivo: 1.2.2006 : Tupiconomics #2 - Por que o governo pagou a dívida externa ?
-> Coletando : Mercado Livre : Busca : Alcool
-> Coletando : Livraria Cultura: Livro - Freakonomics (em português)
-> Camiset.andh.us : Biodiesel Mamona