29.4.06

Sou Feia Mas Tô na Moda, documentário de Denise Garcia

Sou Feia Mas Tô Na Moda
Sou Feia Mas Tô na Moda - I'm Ugly But Trendy
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Liga nóis, tiazinha da Toscographics se jogou, filmando a banca do funk, formando o bonde, uscambau. Milidias saiu uma matéria no jornal Folha de São Paulo, Ilustrada, rima do Alexandre Matias do blog Trabalho Sujo, vai vendo:
"Sou Feia..." mostra funk além do fenômeno
16/12/2005 - Alexandre Matias, colaboração para a Folha

Documentário dá voz a expoentes da cultura de rua; para diretora, críticas de sexismo são preconceito contra favela

Quem foi à palestra que o DJ e produtor Steve Goodman ministrou na última edição do festival Hype, no Sesc Pompéia, em São Paulo, assistiu a uma amostra em vídeo de MCs de garage duelando rimas entre si sem nenhuma base -no máximo, palmas. O DJ, que atua sob o codinome Kode9, disse ser impossível legendar o vídeo, devido ao excesso de gírias, referências e trocadilhos na batalha verbal. Mas percebia-se uma matriz essencial, na prosa e no ritmo, característica daquela cultura de rua, ainda que racionalmente intraduzível.

O mesmo acontece nos minutos iniciais de "Sou Feia Mas Tô na Moda", estréia na direção da gaúcha Denise Garcia, sócia do cartunista Allan Sieber na produtora Toscographics. "Quem nasceu nasceu/ Quem não nasceu não nascerá", canta, sem acompanhamento, o MC G, logo na primeira cena do filme. Logo a câmera corre para um churrasco na Cidade de Deus, em que MCs de funk carioca trocam rimas como numa roda de samba, só na palma da mão. Em português carioca, as gírias, referências e trocadilhos são igualmente intraduzíveis, mas percebe-se todas as nuances que caracterizam um gênero musical. Nuances que são escancaradas quando, minutos à frente, o produtor Grandmaster Raphael arenga um arremedo de vocal para encaixar-se nas bases pré-gravadas, inconfundíveis.

Esse é o grande trunfo de "Sou Feia...", que ameaça falar do papel da mulher no funk do Rio, para dar uma pequena aula sociocultural sobre o fenômeno pop. "Meu interesse no funk começou em 2000", lembra Denise, "quando os bondes de mulheres começaram a aparecer na imprensa. Porém, sempre que o assunto vinha à tona, era um tal de "esta música denigre a imagem da mulher", "a mulher está se deixando tratar como objeto"...
Eu, como mulher, não achava isso", afirma. "Foi quando comecei a notar essa barreira que separa a favela do asfalto. A coisa de "mulher-objeto" era desculpa para o preconceito contra o pessoal da favela, pois uma cidade que se orgulha do Carnaval que faz não podia estar falando sério. Era falso moralismo mesmo. Aí comecei a pensar num documentário", explica a diretora, que começou o filme através da emblemática Tati Quebra-Barraco, que registrou se apresentando grávida de oito meses. "Comecei pelas mulheres porque estava fascinada com a coragem, a cara-de-pau, o senso de humor delas. Mas, quando comecei a conhecer o movimento melhor, vi que não fazia sentido deixar de lado a história que eles todos iam me contando", continua. "A única certeza que tinha desde o início é que, fosse o recorte que fosse, a história seria contada por funkeiros, sem filtro acadêmico."

Estrela
Mas a grande estrela do documentário, que ainda conta com uma estarrecedora versão à capela para "O Rap da Felicidade" com Cidinho e Doca (soul na veia), é Deise da Injeção, que conquista pela simplicidade. "A primeira entrevista que ela me deu foi emocionante, porque ela estava numa fase em que pensava que nunca mais iria poder viver de fazer música. Ela me cativou. Desde então, sempre que me entrevistavam, eu sugeria que a entrevistassem, pois ela era a única do filme que não estava fazendo shows. E, hoje, nem precisa falar, né: está fazendo muitos shows, largou o emprego de doméstica, foi para a França, tocou com a [cingalesa radicada em Londres] M.I.A."
"Mas a maior emoção foi ter ido até o fim mesmo sem um centavo para realizar", desabafa a diretora. "Eu não acho que a gente deva se orgulhar de trabalhar sem grana, mas deixar de fazer um projeto porque nenhuma empresa quis entrar, isso não! Aprovamos R$ 450 mil na Lei do ICMS, mas nos contatos a resposta era sempre a mesma: "Achamos que o assunto do seu projeto não se enquadra no perfil de nossa empresa". Vai entender: empresa operando em pleno Rio de Janeiro funkeiro, como é que não se enquadra?"

Demorou. Já é!
Sem miséria.

-> Arquivo: 12.3.2006 : Deize Tigrona e Edu K no video clip Sex-O-matic
-> Arquivo: 13.1.2006 : Deize Tigrona no Royal Baile Funk no Vegas 16/1/2006
-> Arquivo: 2.7.2005 : Funk Carioca, arranjo produtivo copyleft na Revista Carta Capital
-> Coletando : Buscapé : CD: Funk Carioca
-> Coletando : Livraria Cultura: Livro - Batidão. Uma História do Funk
-> Compartilhando Banners : Livro - Esmeralda. Por quê não dancei.
-> Coletando : Mercado Livre : Busca : Funk Carioca e Calça da Gang

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