27.7.11

Documentários de pixação em DVD e cinema de museu de arte



Milidias o pixador e diretor de cinema e video Djan Cripta teve o dom de colocar no YouTube o trailler do DVD Pixoação que o maluco está endolando pra ligeiro estar a venda e a molecada poder assistir e pagar um pau pra correria toda, uscambau. As imagens foram captadas nas ruas de São Paulo/SP entre os anos de 2010 e 2011 pelos também pixadores Bruno Loucuras e Celio Panico.

Liga que no site do Jornal O Globo saiu uma matéria sobre os filmes do Djan Cripta - 100 Comédia Brasil e Marca das Ruas - e o documentário Luz, Câmera e Pixação, 1-2 fiz um copy paste da matéria:

Ih, sujou! Pichação é alvo de três novos documentários, que discutem seu lugar entre o vandalismo e a arte
10/07/2011 - O Globo - Carlos Albuquerque

RIO - A luz é pouca naquela parte da Praça da Bandeira. A câmera está parcialmente escondida debaixo do casaco do diretor. Djan Cripta não pode gritar "ação", apenas começa a filmar em silêncio quando Tokaya atravessa a rua correndo, pula o portão do prédio e começa a escalar, nervosamente, a estrutura, com a lata de spray presa na bermuda. Seu alvo é um trecho da parede, no terceiro andar, onde ele quer deixar a sua marca. Naquela fria e tensa madrugada, Tokaya, um pichador da Zona Norte do Rio, é o astro solitário de mais uma cena do filme independente "100 comédia Brasil".

- Tô achando meio perigoso. Não tem onde ele se agarrar direito - sussurra Cripta, ele mesmo um pichador "aposentado" de São Paulo, transformado em documentarista.

VÍDEO: Assista ao trailer de 'Luz, câmera, pichação!'

VIDEO: Veja também o trailer de 'Marcas das ruas'

Quando ficar pronto, daqui a alguns meses, "100 comédia Brasil" - que mostra a pichação em cinco cidades brasileiras (Rio, São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre) - vai se juntar a outros documentários sobre essa prática que, há anos, racha opiniões, equilibrando-se entre os muitos que a consideram vandalismo e os poucos que enxergam nela algum traço de arte. Para o estado, porém, não há dúvidas: é crime, como diz a Lei de Crimes Ambientais, que prevê pena de até um ano de prisão para quem "pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano".

Mesmo assim, há três semanas, cerca de 200 pessoas assistiram, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), à exibição do documentário "Luz, câmera, pichação", que foi apresentado também, no final do mês passado, na mostra "Art in the streets", no Museum of Contemporary Arts (MoCA), em Los Angeles. Dirigido por Gustavo Coelho, Marcelo Guerra e Bruno Caetano, o filme é focado na pichação do Rio.

- Eu sempre tive interesse em práticas juvenis de rua, que não dizem com muita clareza ao que vêm e, por isso, são negligenciadas - diz Coelho, professor de Pedagogia da Uerj, que mergulhou no universo da pichação durante seu mestrado em Educação, em 2008. - A ideia inicial era apenas fazer um vídeo, para auxiliar na dissertação, mas acabei me envolvendo e resolvi fazer algo maior, me juntando ao Marcelo e ao Bruno, que tinham feito Cinema. A pichação é meio demoníaca, ela interrompe a harmonia. Ao mesmo tempo, envolve uma cultura riquíssima, raramente discutida. Todos atacam os pichadores, mas eles poucas vezes são ouvidos.

No mês passado, outro filme de Djan Cripta, "Marca das ruas", sobre a pichação em São Paulo, foi lançado na festa de hip-hop Xarpi, tradicional point de pichadores (basta ler seu nome invertendo a ordem das sílabas) no Rio. Quase duas mil pessoas estavam presentes no Scala Rio, na noite que teve também um show de Edi Rock & KL Jay (dos Racionais MCs).

- Criamos a festa há um ano, como um simples encontro da galera da pichação, e agora ela está ficando cheia de gente que talvez nem saiba a sua origem - diz Kel Pastore, 22 anos, ex-pichadora, enquanto assiste a uma improvisada batalha de rimas de hip-hop, na Praia de Botafogo, ao lado de Djan Cripta e Tokaya, pouco antes de a dupla partir para o "rolê de pichação" daquela noite. - Já perdi dois namorados pichando. Um foi morto a tiros em São Gonçalo. O outro caiu de um prédio. Muito triste.

Djan Cripta já viu esse filme. Pichador desde os 12 anos (ele tem 27), perdeu as contas dos processos que sofreu e das surras que levou da polícia enquanto arriscava a própria vida para deixar sua assinatura em algum lugar nada convidativo, durante o processo que chama de "terrorismo poético".

- Fui preso várias vezes e apanhei muito da polícia quando era pego pichando. Vi também gente morrendo na minha frente, como um cara que caiu do oitavo andar de um prédio em São Paulo - diz ele, no táxi, rumo ao "alvo" na Praça da Bandeira. - Pichação causa repulsa, indignação. Mas as pessoas não entendem o trabalho de tipografia que existe ali. A gente criou um novo alfabeto, uma linguagem urbana. E isso é uma forma de arte também.

Diretor do filme "Pixo" (com x mesmo), que chegou a ser exibido em 2009 na 33 Mostra Internacional de Cinema, em São Paulo, o fotógrafo e cineasta João Wainer concorda, em parte, com Cripta.

- Não sei se é arte, mas a pichação é uma das formas de expressão mais sofisticadas que eu conheço - diz ele, autor também do livro "Ttsss. A grande arte da pixação em São Paulo". - Foram mais de 20 anos de evolução para se chegar aos logotipos atuais. Por isso, digo sempre que, quando você entende a pichação, passa a achar bonita a sua feiúra.

Djan Cripta - Ivson é seu sobrenome real, Cripta é o nome da sua gangue em SP - simboliza muito bem as contradições que cercam a cultura da pichação. Em 2008, ele foi um dos responsáveis pelos "ataques" à Faculdade de Belas Artes e à galeria Choque Cultural que culminaram com a invasão da Bienal de São Paulo. Dois anos depois, porém, ele e outros dois representantes do "pixo" foram convidados para participar da mesma Bienal. No ano passado, ele também esteve em Paris, participando de uma retrospectiva sobre arte urbana na Fundação Cartier.

As presenças na Bienal de São Paulo e na Fundação Cartier, em Paris, tiveram um efeito transformador em Djan Cripta, mas, segundo ele, não o domesticaram.

- Ir a esses eventos mudou a minha visão de mundo e minha própria percepção da pichação, uma manifestação cultural tipicamente brasileira - reconhece ele, que assume a rivalidade com outra forma de arte urbana, o grafite. - Mas a gente não quer acabar como os grafiteiros, que passaram a trabalhar com dinheiro da elite. A pichação vai ser sempre agressiva, marginal.

São 3h. Tokaya já está no vão entre o segundo e o terceiro andares do prédio, quando Cripta avista um homem que parece ter ido chamar a polícia. Ele grita "sujou!" para o pichador, que desce rapidamente e sai correndo. Mais tarde, numa rua próxima, os dois se reencontram. E Tokaya reclama furiosamente com Cripta sobre o alarme, que se revelou falso.

- Eu não podia arriscar a sua integridade, Tokaya - defende-se Cripta. - Além disso, estava muito perigoso mesmo. Você podia cair. Não quero registrar uma tragédia no meu filme.

Faltou dar um salve pro filme Pixo, dirigido por João Wainer e Roberto T. Oliveira, que tb tem trailler no YouTube uscambau. Liga o post no blog Ponto XP:
Filme – Pixo – Documentário Sobre Pichação e Pichadores

O impacto da pichação como fenômeno cultural na cidade de São Paulo e sua influência internacional como uma das principais correntes da Street Art. O filme participou da exposição Né dans la Rue (Nascido na Rua), da Fondation Cartier pour l’Art Contemporain, em Paris. O documentário mostra a realidade dos pichadores, acompanha algumas ações, os conflitos com a polícia e mostra um outro olhar sobre algumas intervenções já muito exploradas pela mídia. O filme não traz respostas, mas fornece argumentos para o debate: pichação é arte ou é crime?

"A partir do momento que o filme e a temática são super bem aceitos em Paris, isso começa a abrir um pouco mais a cabeça da galera por aqui também", disse Oliveira. O documentário tem ainda Jorge du Peixe, Racionais, Tejo Damasceno e Instituto e uma música inédita do rapper Sabotage como trilha.

As imagens de acervo de Djan foram lembradas por Roberto. "Ele é mais que uma personagem do filme. O Djan filmava pixação há muito tempo, usamos muito do acervo que ele tinha, imagens que a gente jamais conseguiria fazer", explicou.

Diretores: João Wainer, Roberto T. Oliveira
Roteiro
: João Wainer
Fotografia
: João Wainer
Montagem
: Carlos Milanez
Música
: Ice Blue , DJ CIA, Tejo Damsceno
Produtor
: Roberto T. Oliveira
Produtora
: Sindicato Paralelo Filmes
Duração do Filme
: 61 minutos


Sentiu firmeza? Fui, nem me viu!


Update
9/8/2011: Graffiti 3D de verdade com objetos reciclados

-> Arquivo: 20.7.2011 : Letras de grafite e pixação pro Orkut
-> Arquivo: 14.7.2011 : Racionais MC's e Mano Brown (fake) no Twitter
-> Arquivo: 13.7.2011 : Tsss Livro A Grande Arte da Pixação em São Paulo pra download grátis
> Arquivo: 17.8.2006 : Handselecta, tipos de letras com grafite e pixação
-> Arquivo: 2.6.2006 : Livro "A grande arte da pixação em São Paulo" na Folha de SP
-> Arquivo: 17.4.2006 : Crochê, tricô, fuxico, mobs e arte da rua
-> Arquivo: 28.2.2006 : Arranjo produtivo do grafite e pichação no jornal Estadão
-> Arquivo: 4.8.2005 : Arranjo produtivo do Graffiti
-> Coletando : Amazon : Livro - Graffiti Brasil
-> Coletando : Livraria Cultura: Livros Graffiti Brasil e TTSSS, A grande arte da pichação em São Paulo
-> Coletando : Mercado Livre : Pintura, Orkut, Spray, Grafite, Desenho em vetor

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...