Liga nois, matéria de milidias, novembro do ano passado, rimando sobre as correrias do skate e dos malucos do skate tupiniquim tentando a sorte na gringolândia. Tem uma pá de números dos arrecados, história, patrocínio, pá e tal. Pagando um pau pros manos Lincon Ueda, Bob Burnquist, uscambau. Olha a conversa:
The Wall Street Journal - Vôo brasileiro nas rampas dos EUA
November 3, 2005 4:05 a.m. - Por Miriam Jordan
COSTA MESA, Califórnia — Em um dos maiores eventos de esportes radicais dos Estados Unidos na metade deste ano, Lincoln Ueda cortou os ares subindo a uma altura de três metros e fez um parafuso de 540 graus antes de aterrissar seu skate com toda a categoria. Os fãs deliraram, assim como o multimilionário Tony Hawk, lengendário skatista que promove o evento.
"Lincoln é um dos skatistas mais deslumbrantes do momento", diz Hawk, que escolheu Ueda a dedo para as últimas três edições anuais do evento, o Boom Boom HuckJam. "Com a paixão e a dedicação desses garotos brasileiros, é impossível não chegar ao topo."
Uma mania nascida nos EUA, o skate criou raízes ao redor do mundo, mas especialmente no Brasil, onde é o segundo esporte mais popular em várias cidades, atrás apenas do futebol. O Brasil está produzindo esportistas como Lincoln Ueda, de 31 anos, que tem exibido-se desde em cidades do interior do Brasil até em lugares relativamente mais glamourosos, no sul da Califórnia, a meca do skate nos EUA. Embora os EUA não tenham um sistema de classificação oficial, quase sempre há um brasileiro entre os três primeiros colocados das principais competições no país.
"Os skatistas brasileiros são como os negros americanos no basquete", diz Peter Townend, consultor do esporte em San Clemente, Califórnia. "Vêm das ruas."
Se para a maioria dos brasileiros o skate é só um passatempo, alguns estão usando o esporte como uma passagem de saída do País. Desde os anos 70, quando surfistas de Venice, Califórnia, inventaram o skate radical — agora imortalizado no filme Os Reis de Dogtown — o esporte se transformou num negócio de mais de US$ 5 bilhões com a venda dos skates, roupas e acessórios. Os melhores skatistas disputam grandes prêmios em dinheiro em competições ao redor do país e ganham também com contratos de publicidade.
O advogado de imigração Carl Shusterman, de Los Angeles, alimentou a explosão aceitando uma onda de processos de imigrantes brasileiros. Shusterman conseguiu obter vistos para mais de 20 skatistas, a maioria brasileiros, sob a categoria criada para estrangeiros com "habilidades excepcionais" em áreas como ciência, educação e atletismo.
Um dos clientes de Shusterman é Ueda, famoso internacionalmente por sua capacidade de se impulsionar da rampa de skate cerca de 1,20 metro acima do que consegue a maioria dos profissionais do esporte. "O sonho de todo bom skatista brasileiro é chegar à Califórnia", diz Ueda, ao lado da mulher, Cristina, em sua casa de quatro quartos em Orange County.
O bairro impecável de Ueda na Califórnia está muito distante das ruas de Guarulhos (SP), onde ele começou. Quando adolescente, Ueda e dois amigos, Sandro Dias e Bob Burnquist, detonavam em rampas de cimento dilapidadas.
Hoje, os três estão entre os top "vert" — de "vertical" , skatistas que fazem truques aéreos e acrobacias nas rampas — do circuito mundial. Burnquist, cujo pai é americano, deixou de longe os dois colegas para trás. Ele não se destacou no futebol por causa da asma. Agora ele tem uma renda de mais de US$ 1 milhão por ano com prêmios, aparições em eventos e publicidade, segundo seu agente na WMG Action< Sports. Burnquist também atua como um embaixador dos skatistas brasileiros nos EUA, para os quais escreve cartas de referência que ajudam os compatriotas a conseguir vistos. Lincoln Ueda tem apenas 1,65 metro de altura. Ele nasceu prematuramente e foi um garoto doente. Foi criado numa casa pequena, de dois quartos, onde seus pais, ambos de origem japonesa, ainda moram. A casa tem uma sala sem janelas iluminada por duas lâmpadas fluorescentes e pouca decoração, exceto por um altar num canto com imagens budistas, cristãs e afro-brasileiras. O pai, Jorge, é mecânico; Olga, a mãe, costureira. Ueda começou a praticar skate aos 12 anos, quando seu pai arranjou dinheiro para comprar um skate de Natal para ele e seu irmão menor. Ueda tinha acabado de rebentar sua bicicleta tentando fazer truques acrobáticos e seu pai o queria encorajar a tentar algo menos perigoso. Em pouco tempo, porém, os garotos ganharam as ruas apostando corridas e saltando das sarjetas. "Pensei que eles iam acabar se matando", diz Jorge Ueda, cuja paixão na juventude eram os rachas. Em 1989, o pai de Ueda viajou ao exterior pela primeira vez acompanhando o filho a um campeonato em Münster, na Alemanha. Uma fabricante brasileira de calçados, a Cannon Shoes, pagou parte da passagem. Ueda ficou em quarto lugar e usou os US$ 500 do prêmio para pagar a conta do hotel. Foi notícia de capa da Veja São Paulo. Três anos mais tarde, depois de lesões no ombro que precisaram de cirurgia, e em meio a uma recessão, Ueda abandonou o skate e foi trabalhar com seu pai. Quando Veja publicou, em 1994, um artigo sobre o destino de seus personagens de capa, exibiu uma foto de Ueda, com uma chave de roda na mão, checando um motor. Mas depois de recuperar-se da cirurgia, Ueda começou a competir de novo. Um grande marco de seu retorno aconteceu em 1996, quando chegou às finais do Salam City Jam, uma grande competição em Vancouver. Weda mudou para a Califórnia em 1998 e dormia no chão da casa de Burnquist. "Eu falava inglês o suficiente para pedir comida", lembra Ueda, que fala inglês com pouco sotaque. Ele se deu bem em várias competições e sempre atendeu a pedidos de autógrafo. "Eu comecei a ganhar dinheiro e guardar debaixo do meu colchão", diz Ueda. Hoje, entre seus patrocinadores estão a empresa de confecções Hurley International, que pertence à Nike Inc., Element Skateboards, sapatos Etnies e óculos de sol Electric. Ueda também foi picado pela mosca do empreendimento. Abriu uma companhia de rolamentos para skate chamada Type-S, com Sergei Ventura, um skatista americano. Eles investiram cerca de US$ 50.000, mais ainda não tiveram lucro. Ueda, que ganha bem menos que os astros do futebol, acha que vai continuar no circuito profissional por mais uns cinco anos — e continuar fazendo rampas enquanto seu corpo agüentar.
Sentiu firmeza?
Sem miséria!
Update:
13.9.2006 : Exposição de shapes grafitados - Arte skate na Galeria Central
-> Arquivo: 4.8.2005 : Arranjo produtivo do Graffiti
-> Arquivo: 2.7.2005 : Funk Carioca, arranjo produtivo copyleft na Revista Carta Capital
-> Coletando : Livraria Cultura: Livro - Skate. Board/Surf/Snow graphics
-> Coletando : Mercado Livre : Busca : Skate ou Passagem aérea
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