9.8.11

Re: Carta Capital - Brown, o mano charada

Mano Brown em A Família convida - Sta. Bárbara

Thread sobre hip hop na Lista Radinho. Publicado originalmente no wiki Tabadotupi.tk

Re: Carta Capital - Brown, o mano charada

29.09.2004 - Falai' Fabiano, Kuja, Mau, Radinhos,
Fabiano repassou:
Cartacapital.terra.com.br/site/exibe_materia.php?id_materia=1730
Tb trombei com essa materia de capa da Carta Capital, liga q a revistinha acompanha o movimento milianos, na levada da economia e do social. Tipo, no lancamento do CD Nada como um dia apos o outro dia, uma tiazinha da revista colou no show de lancamento (num galpao industrial na ZL) e versou uma reportagem. Nessa materia mais recente, a reporter ficou no sapatinho, fez um catado de entrevistas anteriores e da rima q o Brown gravou no CD do KLJay.

Liga q o maluco e' anti-midia e se pam, por isso mesmo, midiatico ate' umas horas. Dois palitos, tem o dom de vender mais revista, daquele jeito. Mas paguei um pau mesmo pro texto q saiu na versao impressa da materia, com uma tiazinha psicanalista da USP, q se jogou num paper bem louco, vai vendo:

www.geocities.com/HotSprings/Villa/3170/Kehl5.htm

Trechos:
As Fratrias Orfãs, por Maria Rita Kehl

(...)
Acontece que os Racionais não estão interessados nem em reinar sobre a miséria (o que seria isto? uma forma mais sedutora de dominação?) nem em esconder a miséria para inglês ver. Seu público alvo não é o turista - são os pretos pobres como eles. Não, eles não excluem seus iguais, nem se consideram superiores aos anônimos da periferia. Se eles excluem alguém, sou eu, é você, consumidor de classe média - "boy", "burguês", "perua", "babaca", "racista otário" - que curtem o som dos Racionais no toca-CD do carro importado "e se sente parte da bandidagem" (KL Jay). Ou seja: não estão vendendo uma fachada de malandragem para animar o tédio dos jovens de classe média.
(...)


Na mesma revista, tem uma matéria sobre a Tati Quebra-barraco, e diferente da Veja, e do resto da midia de massa, uscambau, a mina da Carta Capital teve o dom de replicar as letras dos funks sem cortar palavrao, teve o dom!

Liga q a fita carioca pra mim tb e' hip hop, e a gringaiada tb se jogou em sacudir o popozao. Milidias trombei com essa entrevista de um DJ alemao no multiply:
www.multiply.com/journal/item/4?last_read=1

Ich bin feia mas to na moda :-D

Fui, nem me viu!

|//
Tupi

Re: Carta Capital - Brown, o mano charada

29.09.2004 - Msg de Volponi

Fenomenal esse texto, tupi. Joga algumas luzes muito interessantes sobre
o "movimento do movimento", os manos criando sua irmandade para
sobreviver neste mondo cane.

É de "pagar pau".

[]'s
volponi


Re: Carta Capital - Brown, o mano charada

29.09.2004 - Msg de Charles

volponi escreveu:
Fenomenal esse texto, tupi. Joga algumas luzes muito interessantes sobre o "movimento do movimento", os manos criando sua irmandade para sobreviver neste mondo cane.

Trechos que me chamaram a atenção:

Agora é diferente. A esquerda talvez ainda não saiba o que fazer, ou o que propor, para os milhares de rappers que, liderados pelo Mano Brown, parecem interessados em radicalizar um discurso contundente de oposição.
Mas os "manos" têm uma idéia um pouco mais precisa de sua revolução, a começar pelas armas: sua palavra em primeiro lugar. Em seguida, sua "consciência", sua "atitude"- expressões empregadas insistentemente nas letras dos Racionais, e que em termos gerais significam: orgulho da raça negra e lealdade para com os irmãos de etnia e de pobreza.

(...)

O tratamento de "mano" não é gratuito. Indica uma intenção de igualdade, um sentimento de fratria, um campo de identificações horizontais, em contraposição ao modo de identificação/dominação vertical, da massa em relação ao líder ou ao ídolo. As letras são apelos dramáticos ao semelhante, ao irmão: junte-se a nós, aumente nossa força.

Vá um decendente de alemães (alemães que vieram para o país no século XIX, logo muito antes do nazismo) defender orgulho de raça e tal tipo de união... Logo vai aparecer alguém me acusando de nazista.

"Ah, mas eles são pobres, tem que lutar contra a injustiça!"

Sim, são, mas aqui onde eu moro também há muitos brancos, mulatos, negros, índios, etc, etc, etc pobres.

Eu simplesmente olho essa conclamação à união por critérios de raça que o Racionais faz e penso em uma coisa: fascismo.

[]'s
Charles
O livro é o ícone da liberdade - Jorge Froes

Re: Re: Carta Capital - Brown, o mano charada

29.09.2004 - Msg de Tupi Namba

Falai' Charles,

Liga nois:

"Preto e branco pobre se parecem mas nao sao iguais."
Racionais MC's

"O problema nao foi o dia 13 de maio, mas o dia 14."
Arany Santana dos Santos, Secretaria da Reparação Racial de Salvador/BA

"O rap e' a CNN dos pretos'
Public Enemy

Sentiu firmeza?

Fui, nem me viu :-)


|//
Tupi

Re: Re: Carta Capital - Brown, o mano charada

29.09.2004 - Msg de Charles

Tupi falou:
Sentiu firmeza?

Não, não senti.

E se é para falar de racismo para mim a única coisa que mata ela é a miscegenação. Não é nem consciência, é o fim das etnias mesmo.

[]'s
Charles
O livro é o ícone da liberdade - Jorge Froes

Re: Re: Carta Capital - Brown, o mano charada

30.09.2004 - Msg de Kuja

E se é para falar de racismo para mim a única coisa que mata ela é miscegenação. Não é nem consciência, é o fim das etnias mesmo.

assunto explosivo e polêmico (e completamente off-topic)...

o pior é que tanto os argumentos do Charles como os do Tupi são válidos.

o primeiro prega a democracia racial e ataca o racismo invertido de certos grupos extremistas negros.

o segundo entende que a opressão transcende a esfera racial, pois é fruto de uma luta de classes, na acepção marxista do termo.

mas, se eu tivesse que escolher uma posição, eu escolheria a do segundo.

em minha opinião, se formos delimitar a discussão dentro da esfera racial, corremos o risco de ficarmos presos em temas como "afirmação positiva", que não explica nem resolve nada.

a essência do problema continua sendo a luta de classes, não de classes de trabalhadores, mas de classes sociais.

e, neste quesito, estamos mal. muito mal.

não temos a chamada cultura de participação.

o Brasil precisa recuperar um enorme tempo perdido.

precisamos criar cooperativas de trabalhadores.

micro-créditos para pequenas iniciativas.

co-gestão em fábricas.

missões educativas.

frentes de saúde pública.

mídia alternativa (real, não simulacros)

enfim... o rap paulista, com todos os ranços machistas e importações de postura "gangsta", ao menos aponta para esses caminhos.

é pouco. muito pouco.

mas é alguma coisa.

kuja

Re: Re: Carta Capital - Brown, o mano charada

30.09.2004 - Msg de Maratimba

é pouco. muito pouco.
mas é alguma coisa.

salve kuja,

agora esse diazinho ruim pelo menos tem algo interessante pra pensar no cafe...

lembrei na hora dessa frase

"O Terceiro Mundo vai explodir! Quem tiver de sapato não sobra..."

Alguem conhece?

maratimba


Re: Re: Re: Carta Capital - Brown, o mano charada

30.09.2004 - Msg de m.

Alguem conhece?

Ê
o bandido da luz vermelha , o filme.

tb tem em rubro zorro, do ira!

m.


Re: Re: Re: Carta Capital - Brown, o mano charada

30.09.2004 - Msg de Tupi Namba
Kuja analisou:
(o Tupi) entende que a opressão transcende a esfera racial, pois é
fruto de uma luta de classes, na acepção marxista do termo.
Falai' kuja, radinhos,

Mil graus o mano Kuja rimando uma analise e a sugestao de uma pa' de fitas pra fazer o adianto dessas tretas aqui em pindorama, tipo desde milianos, 500 anos de exterminio, uscambau.

Mas vai vendo, se pam o bagulho nao e' so' luta de classes, materialismo dialetico, uscambau. Tipo, to ligado q a escravidao do sec. XVI - XIX pode ser um modelo economico pre industrial, mas liga q o modo de operacao e a ideologia rodava em cima de uma base racial. Sangue nos olhos pra escolher quem ia ser encarado como ser humano ou mercadoria, a logica virava so' em cima da cor da pele. 1-2 tava na cara quem ia entrar nesse sistema usando chapeu marreta e quem ia estralar chicote, daquele jeito.

Tipo, se pam esse esquema cabuloso e' lado a lado com a tragedia do holocausto da segunda guerra. Q ate' podia ter base politico-economica mas foi cruel ate' umas horas. Entender a heranca da diaspora africana, sequestro, cativeiro, trabalhos forcados, exterminio, uscambau so' como treta luta de classes, economia... ai' ficou pequeno.

Liga q o mundo civilizado deu um trampo grandao pra tentar reparar a injustica do holocausto, onu,
nuremberg, pa' e tal. Ate' hoje tem disque denuncia pra caguetar qq ex-gambe q participou daquela paradinha sinistra. Ligou, dois palitos o mossad tem o dom de enquadrar, vai vendo:

Operation Last Chance
www.wiesenthal.com/social/press/pr_item.cfm?ItemID=6011

Sem miseria.

Entao, o estado e a elite economica q assinou canetinha na diaspora africana, ate' hoje da' fuga, passa um pano, mas nem de querer justica e puxar cadeia por um crime contra a humanidade. Vai vendo, tem uma historinha de q o historico e o registro da entrada, transacao, obitos, biometria, etnia, uscambau, de todo o fluxo do trafico escravista era bem documentada e detalhada a milhao. Assim q deixaram pra princesa decretar a lei aurea, tiozinho do governo imperial mandou queimar tudo, pagando uma de q nao ia dar chance pra pedido de indenizacao dos proprietarios (para patrao fazendeiro a lei era desapropriacao, intervencao do estado contra o direito de propriedade), mas se pam tb era pra atrasar o lado da inclusao e resgate de quem era vitima de verdade.

Milianos, assistindo "E o vento levou", vi uma cena representando o pos-guerra civil americana, onde um personagem pagando uma de agiota, segurava uma placa "3 acres and a mule" na frente de uma fila de ex-escravos recem libertados. "3 acres and a mule" tb e' o nome da correria do Spike Lee, entao, dei uma busca no Google e achei a historinha dessa rima. Vai vendo, tinha um general nortista invocado ate' umas horas. Qdo derrotou uma goma sulista, na treta toda cresceu o olho no fazendeiro adversario mais feroz. Dois palitos, mandou libertar todos os escravos, e ainda dividiu a terra e os animais no esquema "3 acres and a mule" pra cada familia q fazia o trampo forcado naquela fazenda do ex-inimigo. Ligeiro a fita toda prosperou, e a concorrencia com os outros produtores playboys, deixou uma pa' de tiozinho no veneno. O fim dessa historia nao contrariou a estatistica, depois anos, com os mortos na guerra comendo vitamina debaixo da terra, a elite trocou uma ideia e o juiz aceitou o pedido de reintegracao de posse do latifundiario, daquele jeito.

Aqui em pindorama, se pam enquanto tiozinho fingia pagando uma de inocente, forrava o malote com politica de imigracao apoiada e subsidiada pela elite e pelo estado. To ligado q uma pa' de imigrante q vinha do hemisferio norte, nem pagava passagem e se pam ate' recebia lote financiado. Hoje, dando um piao nas metropoles tupiniquins, toda a mao a gente tromba com o resultado do bolinho etnico racial, q tanto pode pagar uma de diversidade e tolerancia como ao mesmo tempo de resultado de injustica e preconceito. Antigamente quilombos, hoje periferia. 500 anos de exterminio, demorou!

Fui, nem me viu.

|//
Tupi


Re: Re: Re: Re: Carta Capital - Brown, o mano charada

30.09.2004 - Msg de MaGioZal

Tupi escreveu:
registro da entrada, transacao, obitos, biometria, etnia, uscambau, de todo o fluxo do trafico escravista era bem documentada e detalhada a milhao.

Pelo o que sei quem mandou fazer isso foi o Rui Barbosa, que curiosamente é mais lembrado positivamente por aí como "A águia de Haia"...

Essa queima de documentos foi algo realmente lamentável, porque cortou com machado o link que os descendentes de africanos escravizados no Brasil poderiam ter com as origens de sua história. Tanto é assim que negros brasileiros dificilmente é possível ir além do nível de bisavô na sua documentação...

A África, da mesma maneira que a Europa, era cheia de nações, línguas, religiões e culturas diferentes entre si, embora por aqui os brancos sempre qualificassem todos como meramente "negros"...

De repente se os documentos históricos do tráfico negreiro estivessem disponíveis, talvez fosse possível para os afro-descendentes traçar a origem de seus antepassados. Mas hoje em dia, graças a Rui Barbosa, essa é uma tarefa dificílima, quiçá impossível.

MaGioZal
blog individual mondo-exotica.net/magiozal/
blog coletivo blog.lugaralgum.com/
fotolog fotolog.net/_magiozal/

Re: Re: Re: Re: Re: Carta Capital - Brown, o mano charada

05.10.2004 - Msg de Tupi Namba
MaGioZal falou:
A África, da mesma maneira que a Europa, era cheia de nações, línguas, religiões e culturas diferentes entre si, embora por aqui os brancos sempre qualificassem todos como meramente "negros"...
Falai' Magiozal, radinhos,

Liga q e' cruel ate' umas horas, mas se pam no sistema escravagista, os proprietarios e a sociedade incluida reconheciam a milhao as diferencas entre uma pa' de nacoes e etnias africanas uscambau. Vai vendo, no livro Casagrande e Senzala, tiozinho Gilberto Freyre, q era herdeiro de senhor de engenho, cagueta uns esquemas onde bacana dividia as etnias conforme a pretensa aptidao de cada uma pras correrias. E se ligavam em atrasar o lado nunca deixando a senzala dominar com a banca de uma so' nacao, lingua ou costume. Vai vendo, servicos domesticos, cozinha, capinagem, derrubar mata, mexer na garapa, carpintaria, tudo era dividido daquele jeito entre bantus, nagos, zulus, angolas, fulas, jejes, pa' e tal. Cada um, cada um. E' embacado ou nao e'?

Tipo, tem tb gravuras de Debret, com retratos das diferentes nacoes e seus aderecos, figurinos, tatuagens e cicatrizes ritualisticas ou forcadas, q milianos identificava quem fazia o corre aqui em pindorama. Tiozinho Ruy Barbosa comandou a fogueira q queimou toda a papelada, mas ligeiro imperio e republica tiveram o dom de passar um pano na identidade e qq referencia entre as nacoes. 500 anos de exterminio, antigamente quilombos, hoje periferia. E' muita treta.

Fui, nem me viu!

|//
Tupi


Re: Re: Re: Re: Re: Re: Carta Capital - Brown, o mano charada

05.10.2004 - Msg de r'

li em algum lugar que um dos modos de garantir que a
"viagem" do navio negreiro seria "sem incidentes" era
misturar tribos que nao falassem a mesma lingua.
assim nao podiam se organizar.

profissas, os caras

r'

-> Arquivo: 4.8.2011 : Street fighter capoeira
-> Arquivo: 4.8.2011 : Re: Técnicas nazistas na publicidade
-> Arquivo: 1.8.2011 : Re: The Revolution Will Be Webified
-> Arquivo: 1.8.2011 : Thaide entrevista Mano Brown na TV (Capão Redondo)
-> Arquivo: 20.7.2011 : História do Tupi da Taba Parte 1 (1995 a 2000)
-> Arquivo: 14.7.2011 : Racionais MC's e Mano Brown (fake) no Twitter
-> Arquivo: 7.7.2011 : Guetostar, de volta eu tô no rap
-> Arquivo : 16.12.2005 : Sou feia mas tô na moda, documentário de Denise Garcia
-> Arquivo : 18.10.2005 : Entrevista de Mano Brown sobre armas e desarmamento para o Jornal Agora
-> Arquivo: 26.4.2005 : MV Bill no Roda Viva da TV Cultura
-> Busca no Mercado Livre : Rap, Racionais, Smartphone, Grafite, Tablet e DVD de Rap

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